segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Serra da Capivara - Pinturas Rupestres



                          
                     
 

Esta postagem utilizou como referência o artigo SERRA DA CAPIVARA: UM POUCO DE HISTÓRIA, NUM DESTINO TURÍSTICO DE MUITA PRÉ-HISTÓRIA entre outros mencionados ao longo da postagem.

Na atualidade, sabe-se que há pelo menos 60.000 anos o homem pré-histórico já habitava a região onde hoje é o Parque Nacional da Serra da Capivara que foi oficialmente aberto à visitação em 1995.
A arqueóloga Niéde Guidon  mundialmente respeitada pelas pesquisas e descobertas que 
                                                   

desmontaram antigas teorias sobre a chegada do homem ao continente americano, está baseada desde a década de 70 no sertão do Piauí, ela criou o Parque Nacional da Serra da Capivara, preciosidade  histórica que tenta preservar.
As pinturas mais antigas da região da Serra da Capivara são atribuídas aos povos da tradição Nordeste (GUIDON, 1985, 1989, 1991; PESSIS, 1984, 1986, 1992; MARTIN, 1985, 1993).

 

                                             

                 

O estado do Piauí é conhecido em âmbito nacional e internacional, por ser um dos estados brasileiros com maior concentração de sítios arqueológicos com registros gráficos, o que revela grande potencial científico e turístico.
De acordo com (GUIDON, 1998:23) “, o trabalho arqueológico evidenciou a necessidade de formação de uma equipe de pesquisadores locais, que há mais de quinze anos vêm pesquisando outras regiões do Piauí”.

Motivos para a criação do parque Arqueológico

Culturais:
Na atualidade acha-se uma densa concentração de sítios arqueológicos, a maioria com pinturas e gravuras rupestres, nas quais se encontram vestígios extremamente antigos da presença do homem (100.000 anos antes do presente) atualmente estão cadastrados 912 sítios entre os quais, 657 apresentam pinturas rupestres, sendo os outros sítios ao ar livre (acampamento ou aldeia) de caçadores-coletores, são aldeias de ceramistasagricultores, são ocupações em grutas ou abrigos, sítios funerários e, sítios arqueopalentológico.
                       


Ambientais:
área semi-árida, fronteiriça entre duas grandes formações geológicas – a bacia sedimentar Maranhão-Piauí e a depressão Periférica do rio São Francisco – com paisagens variadas nas serras, vales e planície, com vegetação de caatinga.

Turística:
Com paisagens de uma beleza natural surpreendente, com pontos de observação privilegiados, essa área 
                        
 
possui importante potencial para o desenvolvimento de um turismo cultural e ecológico constituindo uma alternativa de desenvolvimento da região (Fundação Museu do Homem Americano FUMDHAM, 2013: 07).
                                

O homem pré-histórico por questões naturais da própria sobrevivência, procurou habitar áreas próximas a fontes de água e regiões serranas, talvez por estratégias de domínio territorial ou proteção contra ataques de grupos inimigos.
Fato que resulta na ocorrência de sítios arqueológicos em locais de extrema beleza cênica e de difícil acesso.
Os vestígios desses homens pretéritos são encontrados associados a monumentos naturais que constituem grandes atrações turísticas:cachoeiras, serras, vales, etc.
As manifestações gráficas feitas sobre paredes rochosas pelos homens pré-históricos constituem o que se convencionou chamar de arte rupestre ou arte parietal, ou seja, todas as expressões gráficas deixadas pelo homem que utilizam como suporte uma superfície rochosa, independente de sua qualidade e de sua dimensão.
Essas manifestações são pintadas ou gravadas na pedra sob forma de figuras que se pode conhecer ou que são irreconhecíveis.
De acordo Kestering et al (s/d, p, 2) “para se reconhecer um perfil gráfico, é necessário que se identifiquem padrões de reconhecimento e de cenografia, a temática dominante e a técnica”
                                             


Entre as figuras conhecíveis têm-se as figuras humanas, animais, plantas e objetos.
Os registros não reconhecíveis são compostos por elementos como segmentos de retas, linhas,
círculos, pontos, grades etc.
                                     

Esse tipo de manifestação gráfica está presente nos cinco continentes. Tem suas origens há mais de 40 mil anos no sudeste da Europa. Porém, é por volta de 30 mil anos que o homem, em todos os continentes, passa a gravar ou pintar mais (PEREIRA, 2003).
Algumas dessas pinturas e/ou gravuras são mundialmente conhecidas, como as pinturas das grutas de Lascaux, na França; as de Altamira, na Espanha e as da Serra da Capivara, no Brasil.
Assim, essas representações gráficas conhecidas como arte rupestre são as mais antigas formas, ainda sobreviventes, da expressão humana, testemunhos de sofisticados sistemas de pensamento e da unidade fundamental do espírito humano (CLOTTES, 1997).

Durante milênios, as paredes dos sítios foram pintadas, deixando testemunhos de aspectos da vida cotidiana e cerimonial de populações daquela época.
                                                      

Independente da significação que poderiam ter essas representações gráficas, o mais importante, do ponto de vista histórico, é a existência de um acervo documental que permite desenvolver verdadeiras pesquisas de história visual e permite a reconstituição de sua história (GUIDON, 2002, p.181).

Sítios arqueológicos

Cerca de 20 sítios foram escavados ao longo de mais de 15 anos e evidenciaram diversos tipos de vestígios deixados pelos homens do passado.
Dentre os mais importantes contam-se estruturas como trempes com carvão e restos alimentares, objetos de pedra lascada (facas, raspadores, perfuradores, etc) e a de pedra polida (lâminas de machados comuns e semilunares, mãos de pilão, batedores, etc), resto de utensílios cerâmicos, enterramentos e fezes fossilizadas (coprólitos).
Foram também encontrados pedaços de parede com pinturas que permitam datar a prática da arte rupestre na região em pelo menos 26.000 anos.
Os sítios que mais forneceram as datas antigas de ocupação humana foram: a Toca do Boqueirão da Pedra Furada, a Toca do Sítio do Meio, a Toca do Caldeirão dos Rodrigues I. Todos esses são abrigos sob rocha, chamados localmente de tocas, formados pela erosão diferencial, e apresentam-se como local ideal para a proteção contra o sol forte e a chuva.
Ao contrário de outro tipo de vestígio (cerâmica, lítico etc), os grafismos rupestres não são o resultado acidental de comportamentos sociais que deixaram resíduos materiais involuntários. Eles foram feitos com propósito consciente de ficarem expostos como um sinal visual na paisagem ou como um marco qualquer.
                                         
                     

Os temas representados abordam assuntos que são universais, que são comuns a diversas culturas, a exemplo de figuras humanas, animais, cenas da vida cotidiana e alguns desenhos geométricos.
                                       

                       
Essas expressões pré-históricas são encontradas nos mais diferentes tipos de suportes rochosos (calcário, quartzito, arenito etc), sobre as paredes dos abrigos, das grutas ou dos penhascos, em blocos isolados ou agrupados em afloramentos ao ar livre.
A ausência desse suporte necessário a essa prática, em muitas regiões, demonstra que esses registros não são encontrados em todas as áreas. Prous (1992) indica que nesses locais – com ausência de suportes rochosos – existiam outros tipos de marcadores que poderiam ter atuado e exemplifica com os índios Bakari, que, no século XIX, realizavam suas figuras nas árvores retirando a casca e deixando suas marcas em negativo.
Assim, o registro gráfico rupestre é uma forma documental de comunicação muito antiga, comprovando a estada ou apenas a passagem do homem em um determinado local.
Para Lage (2007), os sítios de arte rupestre fazem parte do patrimônio cultural da humanidade, pois representam parte do passado do homem. “A arte rupestre é testemunho consciente e voluntário do homem pré-histórico. Foi feita para significar. Ela já representa uma linguagem, uma escrita, uma mensagem que nós tentamos compreender e traduzir” (LAMING-EMPERAIRE, 1975, p. 63).
                                              
         

As imagens constituem meio de expressão empregadas, desde muito tempo, como os registros gráficos feitos, anteriores à escrita.
A leitura da imagem, segundo Zaniratto (2004), fundamenta-se no princípio de perceber o modo como, em diferentes lugares e momentos, uma determinada realidade social é constituída e pensada.
A leitura da imagem requer modos de interpretações, de atribuições de sentidos, de práticas encarnadas em gestos, hábitos que são formados a partir de utensilagem mental da qual os indivíduos dispõem.
A interpretação de seu significado não é mecânica de objetos dispersos, mas sim um processo criativo, resultante das propriedades sensíveis captadas pela imagem (ZANIRATTO,2004, p. 207).
                               


Normalmente no Brasil, temos conhecimento de super-heróis através das telas de cinema ou pela literatura infanto-juvenil estrangeira, pois nosso país infelizmente carece deles e os poucos e verdadeiros que possue não são divulgados de forma apropriada para a população em geral.

Assim, nesta postagem mesmo de forma acanhada tentei apresentar um pouco do trabalho de uma de nossas verdadeira heroínas, nunca tive contato pessoal com ela como é normal a relação com nossos super-heróis (excetuando com os nossos genitores,quando assim os consideramos) mas, o fato não esmorece e não diminui a minha sincera admiração.

Veja entrevista dada por Niéde Guidon ao Roda Viva no endereço: http://www.youtube.com/watch?v=Ne46OfxEsMc
                     

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